Aspirações de um aspirante
Que grande poeta é Drummond! Como um grande poeta é capaz de nos fazer pensar, mesmo sobre as coisas mais dolorosas, com tanta beleza! Eu me delicio lendo Drummond. Como um aspirante a poeta que sou, tenho Carlos Drummond de Andrade como um norte nessa que é 'a luta mais vã' e tão necessária, a luta com as palavras, tentando superar minha incapacidade de dizer.
Perto de Drummond, sinto pena dos poemas que escrevo; não só dos meus poemas, que não são muitos, mas especialmente deles. No entanto, sigo escrevendo, nem que seja para servir de anti-exemplo...seria melhor para você, leitor, que eu reproduzisse aqui alguns dos belos e profundos poemas daquele pensador de Minas; mas entenda, este espaço aqui é para dar voz a um aspirante. Drummond merece mais.
Abaixo, algumas tentativas minhas:
Postais
Índios perfilados: cultura brasileira
As nádegas, o Cristo
E tudo isto que é tudo isso,
Padim Ciço, cataratas,
As verdes matas (ó imagem congelada!),
Céu arranhado, viço, mulatas, bandeira
E eu, um fantasma embasbacado
Orgulhoso, estou lá e não existo
Vejo a mim mesmo, como o prometido
Permaneço anônimo, sinônimo, lindo
Amo a cidade, desconheço os habitantes
Louvo a arte e ignoro o artista
Amo o mundo, não sei do que se trata
Porque tudo sou eu, criatura que registra,
Efêmera assembléia de sintagmas
Ambulância
Corrotentandoperpassarotráfegodosmeuspensamentos.
Abri a boca
E
Decidinãotrocartentativasporfrustraçõesporque
Porque, decidi.
Esequemestiverlendoestetextotrêmulonãoforeumesmo
Doumeurostoaosmurosmurrosmurmúriossãosinais
Nasincer tezasdasfai xas deped estres
O homem éansiadesdeainfância
Quero chegar
São
E salvo.
Pretensão
Ô moço, uma letra, por favor.
Pra quem quer aprender,
carpinteiro a carpir,
costureira a coser.
E o verso melhora
à medida que invoca
o saber milenar
da faísca atrevida.
Vida.
E o desejo de alguém
do sorriso de alguém,
da resposta de alguém,
faz valer a tensão.
São.
Perto de Drummond, sinto pena dos poemas que escrevo; não só dos meus poemas, que não são muitos, mas especialmente deles. No entanto, sigo escrevendo, nem que seja para servir de anti-exemplo...seria melhor para você, leitor, que eu reproduzisse aqui alguns dos belos e profundos poemas daquele pensador de Minas; mas entenda, este espaço aqui é para dar voz a um aspirante. Drummond merece mais.
Abaixo, algumas tentativas minhas:
Postais
Índios perfilados: cultura brasileira
As nádegas, o Cristo
E tudo isto que é tudo isso,
Padim Ciço, cataratas,
As verdes matas (ó imagem congelada!),
Céu arranhado, viço, mulatas, bandeira
E eu, um fantasma embasbacado
Orgulhoso, estou lá e não existo
Vejo a mim mesmo, como o prometido
Permaneço anônimo, sinônimo, lindo
Amo a cidade, desconheço os habitantes
Louvo a arte e ignoro o artista
Amo o mundo, não sei do que se trata
Porque tudo sou eu, criatura que registra,
Efêmera assembléia de sintagmas
Ambulância
Corrotentandoperpassarotráfegodosmeuspensamentos.
Abri a boca
E
Decidinãotrocartentativasporfrustraçõesporque
Porque, decidi.
Esequemestiverlendoestetextotrêmulonãoforeumesmo
Doumeurostoaosmurosmurrosmurmúriossãosinais
Nasincer tezasdasfai xas deped estres
O homem éansiadesdeainfância
Quero chegar
São
E salvo.
Pretensão
Ô moço, uma letra, por favor.
Pra quem quer aprender,
carpinteiro a carpir,
costureira a coser.
E o verso melhora
à medida que invoca
o saber milenar
da faísca atrevida.
Vida.
E o desejo de alguém
do sorriso de alguém,
da resposta de alguém,
faz valer a tensão.
São.