Após customização e entorno, eis a ditabranda (ou 'as mágoas vão rolar')
É provável que antes do jornal Folha de São Paulo alguém já tenha cunhado o termo 'ditabranda'- que seria uma ditadura light, digamos assim. Bem, o jornalão paulistano pode não ter inventado esse termo (embora a pesquisa google dê a entender que sim), mas nestes últimos dias inventou uma confusãozinha ao dizer em editorial do dia 17 de fevereiro, que a ditadura brasileira pode ser incluída nesta categoria, isto é, 'ditabranda', em comparação com muitos outros regimes ditatoriais. Desafetos e leitores, previsivelmente, se manifestaram.
Até aí, tudo bem,nada extraordinário num país em que muitos, abertamente, louvam a 'revolução' e desdenham das reclamações de quem não nutre simpatia por aquele período. Mesmo um jornal ter a atitude temerária (ou corajosa, ou cara-de-pau, depende do ponto de vista) de abrandar os 21 anos de regime militar brasileiro ainda está, a meu ver, dentro da 'normalidade democrática'. Parece-me que beiraria o ridículo, por exemplo, processar a Folha (seus donos) por expressar esta opinião.
O que é digno de nota, na verdade, é como o assunto continua sendo um vespeiro, e como tantas mágoas permanecem à espera de um estímulo para emergir - tanto da parte de quem despreza como da parte de quem venera esses 21 anos. A Folha, corretamente, tem (se) exposto a (à) reprovação de muitos dos seus leitores ao uso do neologismo em questão - e é claro, também tem publicado a opinião de leitores simpáticos ao termo. Mas o jornalão não resistiu quando alguns famosos acadêmicos esquerdistas criticaram-no: 'declarações cínicas e mentirosas' de quem 'não expressa repúdio às ditaduras de esquerda', respondeu a Folha. E como bem observaram alguns leitores, o melindre do jornalão, além de processo por parte dos professores ofendidos, vai fazer esse assunto durar muito, e muitas 'mágoas vão rolar' ainda, trocadilho infame da marchinha carnavalesca.
Cada vez mais me convenço de que foi um erro ter estudado Jornalismo. O curso foi, em sua quase totalidade, inútil, idiota mesmo. É verdade que meu cargo no serviço público federal se deve também ao 'canudo' da universidade, mas ora, qualquer outra graduação me serviria - e muitas delas me seriam muito mais satisfatórias. Mas algumas bobagens que escutava na faculdade de Comunicação podem servir para enriquecer (exagero meu) este textinho. É a historinha caricata das linhas editoriais dos jornalões.
Bem, o que são? De uma vez só, a respeito dos jornalões principais de Rio e Sampa: ' O GLOBO é chapa-branca, o JB é elitizado, a Folha é vanguarda, o Estadão é reacionário'. Sei, claro, bem definidinho...mas quer certeza mesmo? Se você é servidor público e quer ter mais notícias sobre sua carreira sem te jogarem na cara o quanto você custa aos cofres públicos, leia O DIA (no Rio). Alguns leitores da Folha ficaram surpresos...ora, mas se a Folha é vanguarda fez seu papel, criando um polêmica nova! O leitor, na verdade, busca no jornal que lê um pouco de informação e muita confirmação de sua visão de mundo. É assim da Folhona ao tabloidinho Meia Hora. Parece que o problema de parte dos leitores do jornalão paulistano é serem agredidos nesta lógica - e engraçado, outra parte está se sentindo bastante satisfeita, nesta lógica. 'Deixa as mágoas rolar'...
Ps.: por falar em ditadura, Hoje é aniversário de Robert Mugabe, do Zimbábue.
Até aí, tudo bem,nada extraordinário num país em que muitos, abertamente, louvam a 'revolução' e desdenham das reclamações de quem não nutre simpatia por aquele período. Mesmo um jornal ter a atitude temerária (ou corajosa, ou cara-de-pau, depende do ponto de vista) de abrandar os 21 anos de regime militar brasileiro ainda está, a meu ver, dentro da 'normalidade democrática'. Parece-me que beiraria o ridículo, por exemplo, processar a Folha (seus donos) por expressar esta opinião.
O que é digno de nota, na verdade, é como o assunto continua sendo um vespeiro, e como tantas mágoas permanecem à espera de um estímulo para emergir - tanto da parte de quem despreza como da parte de quem venera esses 21 anos. A Folha, corretamente, tem (se) exposto a (à) reprovação de muitos dos seus leitores ao uso do neologismo em questão - e é claro, também tem publicado a opinião de leitores simpáticos ao termo. Mas o jornalão não resistiu quando alguns famosos acadêmicos esquerdistas criticaram-no: 'declarações cínicas e mentirosas' de quem 'não expressa repúdio às ditaduras de esquerda', respondeu a Folha. E como bem observaram alguns leitores, o melindre do jornalão, além de processo por parte dos professores ofendidos, vai fazer esse assunto durar muito, e muitas 'mágoas vão rolar' ainda, trocadilho infame da marchinha carnavalesca.
Cada vez mais me convenço de que foi um erro ter estudado Jornalismo. O curso foi, em sua quase totalidade, inútil, idiota mesmo. É verdade que meu cargo no serviço público federal se deve também ao 'canudo' da universidade, mas ora, qualquer outra graduação me serviria - e muitas delas me seriam muito mais satisfatórias. Mas algumas bobagens que escutava na faculdade de Comunicação podem servir para enriquecer (exagero meu) este textinho. É a historinha caricata das linhas editoriais dos jornalões.
Bem, o que são? De uma vez só, a respeito dos jornalões principais de Rio e Sampa: ' O GLOBO é chapa-branca, o JB é elitizado, a Folha é vanguarda, o Estadão é reacionário'. Sei, claro, bem definidinho...mas quer certeza mesmo? Se você é servidor público e quer ter mais notícias sobre sua carreira sem te jogarem na cara o quanto você custa aos cofres públicos, leia O DIA (no Rio). Alguns leitores da Folha ficaram surpresos...ora, mas se a Folha é vanguarda fez seu papel, criando um polêmica nova! O leitor, na verdade, busca no jornal que lê um pouco de informação e muita confirmação de sua visão de mundo. É assim da Folhona ao tabloidinho Meia Hora. Parece que o problema de parte dos leitores do jornalão paulistano é serem agredidos nesta lógica - e engraçado, outra parte está se sentindo bastante satisfeita, nesta lógica. 'Deixa as mágoas rolar'...
Ps.: por falar em ditadura, Hoje é aniversário de Robert Mugabe, do Zimbábue.