sábado, junho 28, 2008

Do valor das cascas quando da ausência das poupas

Em tempos de pouca criatividade, falta conteúdo, ou melhor, capacidade de desenvolver um determinado conteúdo; mas, quanto a títulos, temos aqui boas idéias: quiçá sirvam também de mote para que o leitor hipotético faça as vezes de escritor (hipotético?). Eis alguns títulos que eu e algumas pessoas próximas temos imaginado:

1 - "De Tolstói a Toy Story"
2 - "De Rimbaud a Rambo"
3 - "Da Teoria do Caos à prática do caô"
4 - "Como dizer a verdade a quem quer ser enganado"
5 - "Profundidade em duas lições"
6 - "DOGMA I: I AM GOD" (palíndromo que eu vislumbrei há alguns anos)
7 - "De Milton e Shakespeare ao milk shake da Britney Spears" (inspirado em determinados programas de TV)
8- "Concisão em 3.239 lições"
9 - "Cérebros Diet" (em 1997, no segundo grau, escrevi uma redação com este título)
10 - "Por que nossas listagens têm quase sempre 10 ou 100 itens?"

domingo, junho 01, 2008

Mediocridade nossa de cada dia

Não tenho sentido muita vontade de escrever; não venho tendo, especialmente, muito ânimo e disciplina, embora me cobre um pouco por essa inércia. Ao leitor hipotético, então, minhas desculpas. Minhas dores físicas e 'espirituais' (ou mentais) têm sido meu pretexto. Até quando penso neste espaço como um espaço também terapêutico (ou fundamentalmente terapêutico), isto não me motiva a ponto de sentar e teclar.

Mas aí fico pensando que cada um de nós, na nossa insignificância, poderia fazer diferença se resolvêssemos dar o melhor de si - seja escrevendo, seja apenas pensando melhor, seja do jeito que for. Desconfio que, na verdade, não vivemos em democracias nem em ditaduras ou califados, ou teocracias: vivemos, quase todo tempo, quase todos nós, na decantada 'mediocracia'. Mandam no mundo os medíocres.

Alguém dirá que os medíocres são justamente os escravos, quem manda são os que saem da mediocridade, mas eu contesto: eles são nossos serviçais; eles, tristemente, trabalham para que possamos continuar mandando no mundo. Pois tudo tende e convergir para este 'Maizoumenus', o nosso governo mundial que espera acontecer para ler nos jornais - ou ainda melhor, para acompanhar em tempo real 'o que acontece agora mesmo', enquanto deixamos de fazer acontecer.

Dizer que os medíocres não mandam no mundo talvez seja uma maneira insidiosa de tirar de cada um de nós a responsabilidade pelas mazelas, sejam locais ou globais. Elegemos, dentre nós, síndicos, prefeitos, parlamentares, califas, ditadores, aitolás, presidentes, porque queremos defender nossos interesses, nossa vidinha sem grandes riscos de fracasso ou sucesso. De vez em quando surge algum traidor para desvalorizar nossa sagrada mediocridade, mas podemos ficar tranqüilos: eles teram muito poucos seguidores e o poder continuará sendo nosso.

É só a mediocracia que pode dar conta de milhões de miseráveis bem no nosso nariz razoavelmente inocente; só a mediocracia pode garantir que o ser humano se empenhe em seu grande projeto: 70 ou 80 anos vivo, razoavelmente bem alimentado, razoavelmente letrado, razoavelmente satisfeito, razoavelmente aliviado. Isso é poder. Nenhuma revolução derruba qualquer governo, qualquer regime, qualquer tirania: as revoluções são intervalos na Mediocracia, a única forma de governo possível. Só a mediocracia pode legimitar este texto medíocre que você lê agora.

Todas essas bobagens acima, surto humanista-coletivista-de-botequim, que talvez só tenha servido para irritar um pouco o leitor hipotético, é na verdade apenas um muxoxo de alguém que quer ser um medíocre melhor, alguém que acredita no aperfeiçoamento do Mediocracia. Porque o problema, no fundo, não é ser medíocre (mediano), mas é o baixo nível das mediocracias. Diga-me você, leitor hipotético se este texto (que qualquer medíocre pode refutar com sucesso) contribui para o melhoramento do nosso sistema de governo. Oxalá seja, pelo menos, risível, pois 'rir é o melhor remédio' e 'quem ri por último ri melhor'.

Marcadores: