domingo, novembro 26, 2006

O que são 'liberdade de imprensa' e 'liberdade de expressão'?

Além de perguntarmos o que são, podemos também perguntar se são duas coisas, se não seriam o mesmo. Há quem acredite que não há distinção. Um artigo do jornalista Mauro Santayana, no JB, me provocou a pensar sobre isto. Ele crê que liberdade de imprensa é a própria liberdade de dizer publicamente, de colocar sua opinião diante dos outros. Em sua argumentação, dentre outras razões, cita diversos jornalistas importantes que não têm diploma na área (uma ressalva aqui: os primeiros cursos superiores de Jornalismo são da década de 1960, logo é natural que ícones como Barbosa Lima Sobrinho, Alberto Dines e Carlos Castelo Branco tenham cursado Direito, História, nada, etc).
Bem, independentemente da força do artigo de Santanaya (procure no Google, não estou com disposição para resumí-lo), a questão é pra lá de importante no mundo todo: um jornalista deve ser alguém formando por uma faculdade de Jornalismo? Como alguém formado em uma mas não atuante, sinto-me na obrigação de pensar um pouco mais nisso do que a média das criaturas. E confesso que fico em cima do muro, porque ao mesmo tempo em que investi quatro anos de minha vida imaginando que seria mais um foca (jornalista iniciante), sei muito bem quão deficiente pode ser a formação de um 'profissional do ramo'.
Dentro desses quatro anos de faculdade de Comunicação Social/Jornalismo, fui estagiário durante dois: um ano e cacetada na Folha Dirigida, cerca de seis meses na assessoria de comunicação do Hospital de Bonsucesso. É claro que valeu a pena e é claro que sofri. Fui bastante cobrado e não sei se dei conta, de fato - pelo menos não creio ter sido tão bom quanto meus supervisores esperavam. Procurava me informar e fui constatando em conversas e leituras que a maioria dos jornalistas desse país trabalham bastante e ganham bem mal. Lembro de uma conversa em que um colega de estágio comentava, pasmo e decepcionado, o valor ridículo que viu por acaso (?) no contracheque de um chefe. Arrisco-me a dizer que os jornalistas brasileiros, de modo geral, formam um 'cognitariado', ou seja, um proletariado com certo grau de instrução bem acima da média populacional. Aliás, a revista Imprensa, voltada para o segmento, retratou isto em certa reportagem a alguns anos. Vida corrida, pouca pausa para descanso/estudo, salários de classe média ou média baixa, pouca estabilidade.
Estabilidade. Essa palavra me atrai no que diz respeito a ganhar a vida; não á toa, acabei desistindo de lutar por uma vaga numa redação e comecei a estudar para concursos públicos - passei em alguns e acabei arranjando meu ganha pão. Mas não desviemos do assunto: é preciso formar-se em Jornalismo para exercê-lo? Claro que não, faça a pergunta correta: deveria-se cursar e concluir a faculdade de Jornalismo para trabalhar no ramo? É correto, é o melhor definir como condição do exercício profissional na área um curso específico? Diante do que vejo, digo que não; mas e os milhares de jovens cheios de expectativas nas faculdades? Estariam perdendo tempo? Porque se vale qualquer curso, ou mesmo nenhum (basta 'aptidão'), parece bobagem existir o curso de específico. Bem, mas não seria o caso, talvez, de uma reforma na formação dos futuros jornalistas? Ou basta acabar com isso e orientar os que querem seguir carreira a fazer um curso da aprea de Humanas (História, Direito, Filosofia, etc, ou um curso de Comunicação sem habilitação específica...)? Ou vamos deixar como está? Confesso que gostaria de ter mesmo uma resposta, ou a melhor resposta para essa questão.
Quanto à liberdade de imprensa como o mesmo que liberdade de dizer, parece óbvio e ululante ser isso mesmo, mas peraí: como todos vão dizer tudo o que pensam, simplesmente? Talvez criando um blog e divulgando, né? Mas sem esquecer que já é bem difícil selecionar as toneladas de informação atiradas sobre nós hoje...liberdade de imprensa talvez seja não só a liberdade de comunicar, mas também a capacidade de receber informações - o que exige educação, boa vontade, um pouco de tempo...e, quem sabe, bons profissionais e estudiosos do assunto.

Da série 'ironias da vida'

O sujeito gostaria de se dedicar com seriedade à expressão de seus pensamentos; gostaria de escrever sistematicamente, cuidando desse espaço como, por exemplo, um bom jornalista que cuida de uma boa revista. Mas não o faz, e então vem aqui para lamentar que não consiga desenvolver suas idéias da maneira desejada. Vem aqui para escrever meia dúzia de linhas cínicas e inocentes para protestar contra si mesmo e contra uma vida de homem-médio-razoavelmente-informado-com-obrigações-comezinhas-e-um-potencial-mal-desenvolvido. Alguém conhece um tipinho como esse?

sábado, novembro 11, 2006

Duas coisas que faria se fosse presidente do Brasil

Só duas? Bem, essas duas teriam de acontecer...eu faria se tivesse poder - não necessariamente o que Lula hoje tem. São questões de saúde pública...senão, vejamos:
1 - exterminar ou ao menos reduzir drasticamente o número de pombos dentro do nosso território. Pombo é praga - impressionante como se multiplicam! Transmitem diversas doenças e seu arrulhar é tormento em milhares e milhares de prédios e casas brasileiras. Por que não se faz nada? Existem (e elas devem existir, é claro) leis que protegem os animais...sim, mas um animal tão propenso a transmitir moléstias como toxoplasmose, ornitose e histoplasmose, dentre várias outras (pesquise as zoonoses); um animal que praticamente não tem predadores na cidade; um animal que come qualquer coisa e se acasala em qualquer canto e por isso continua a se reproduzir crescentemente, enfim, é menos importante que as pessoas doentes e precisa, no mínimo, de controle. Bem, não sou "pombófobo"...basta controlar a praga. Nós também somos parte da natureza...
2 - faria uma campanha inteligente e espirituosa sobre a imbecilidade, a truculência ecológica, a falta de cidadania que é jogar lixo na rua (ou pelas janelas de carros, ônibus, apartamentos...). Quem se der ao trabalho de observar, notará que muitos 'cidadãos' jogam todo tipo de lixo na rua mesmo quando estão a poucos metros das benditas lixeiras! As crianças, filhas desses 'cidadãos', observam e têm tudo para imitar o péssimo exemplo. Pelamordedeus! Lixo exposto é sinônimo de degradação ambiental e de doenças. Dúvido que uma campanha inteligente, que mexesse com o orgulho dos 'porquinhos' (ofensa aos animais suínos), não surtisse efeito.
É isso. Como fazer? Há os trâmites do Estado - leis, ações judiciais...mas há o que não se vê surgir, o escondido: o poder do cidadão em cobrar, pressionar os três poderes - em especial o legislativo. Há nossa capacidade de sermos cidadãos, que não é como andar de bicicleta ('nunca se esquece quando se aprende'), até porque muita gente ainda precisa de rodinhas.
Quanto a todas as demais medidas de um bom presidente, Lula continua prometendo saber quais são. Esse negócio de saber ou não saber, ih...