domingo, julho 24, 2005

Breve comentário sobre "O mundo de Sofia"

Serei breve mesmo.
Didático, bem escrito, de trama bem costurada. Gostei e recomendo a todos: colegas da faculdade, amigos em geral, jovens, donas de casa, idosos, etc.
Além da própria Filosofia e sua história, com óbvia ênfase na Grécia e Europa como um todo, a obra traz uma reflexão muito bacana sobre por que e como a Filosofia é quase sempre vista como tão distante do nosso dia-a-dia. Há uma crítica à escola, à família, há uma proposta também. Gostaria muito de ter lido livros como esse aos 15 anos - mesma idade da personagem principal. Fico pensando e desejando que meu sobrinho cresça um sujeito que valoriza a leitura, que lê; um carinha...um filósofo, por que não? O que é ser filósofo, afinal?
Também me instiga o pensamento comparar a jovem norueguesa - o livro é de um norueguês - descrita com as meninas brasileiras de 15 anos que vemos em cada esquina. Fico pensando na juventude de maneira geral. Sofia é contestadora como qualquer jovem, mas não sei se nossos jovens (e nós quando adolescentes?) tínhamos um olhar para a vida como o dela. Bem, são tantos aspectos, há tanta estupidez consumista invadindo a vida de tantos jovens brasileiros ( e de quase todos os lugares)... o autor me reavivou um anseio de ver algo mudar nesse sentido.
Bem, isso é tudo.

domingo, julho 10, 2005

Nostalgia

Sou uma criatura nostálgica. Por isso, sofro quando me vejo obrigado, como neste fim-de-semana, a jogar fora parte da minha vida registrada em papéis. Mas estou jogando, e pronto. Pronto nada. Reencontrei alguns poemas que havia escrito nesses últimos anos. Vou registrá-los aqui, agora. Azar o de vocês. E´, mas podia ser pior; selecionei somente os que, creio eu, desagradarão menos - fui obviamente Thiagocêntrico. Eis as pérolas:

Quase certeza de nada

Coma a vida, curta
precisamos prensar bem isso
E enquanto visto, nos ônibus,
pernas e braços pernas e braços

Qual o sentido da dívida,
Qual é o preço da dádiva
Diva Dividida Vaticínica
Nas obras sem arte (tá valendo!)

Encontrei na terceira prateleira
O sei lá do discurso aminoácido
E enquanto isso, nos postes,
a cara do bandido simulacro

Viva!
Se eu tiver um recheio blindado
ou comprar um receio empapado
Vou da Tailândia à Finlândia
do meu nariz à Groenlândia

Canso e logo insisto
Tenso qual um quisto

Um dos rancores (mass media)

Nunca gostei de heróis.
Nunca.
Seus momentos tautológicos
das digitais dos cérebros derivados
o produto do produto do produto do produto
carência furta-cor

Como só são mais e mais
virtuosas frases feitas
reciclagem muscular
perfeitos como um camelo virtualíssimo

Amor-corta-multimídia-tíbia
Como tais
como não são mais
Eu os quero doidos e mortos

Recado a um amigo

Estive relendo os reclames
Um dicionário inexplicável
E como foram em preto-e-branco
Agora ainda são dramáticos

Jungidas
Apáticas
Práticas
Mas não cândidas

Talvez não sejamos sequer ex-amigos,
Eu bocejo,
Mas se fomos ou não fomos,
Formos ou não formos,
Seremos relidos um dia,
E esquecidos

Rotina

Todo dia é dia de rotina
Preciso fazer a barba
Preciso mudar de vida
Preciso trocar de roupa
Preciso dobrar a esquina
Preciso esperar de novo
Preciso de novo ânimo
Preciso do que não quero
Não quero ser tão preciso

Preciso imitar alguém
Preciso inventar um jogo
Preciso escolher palavras
Preciso coçar a nuca
Preciso sofrer sozinho
Preciso vencer o medo
Preciso chegar em casa
Preciso escrever os sonhos
Preciso sonhar na lida

Rotina

Relatório

Um dia laico
como qualquer outro
um dia louco
cada vez mais, pouco

Mais um sonho rouco
dormindo na praça
virando pesadelo
resumo da desgraça

Quem passa observa
e julga depressa
pois hoje já é hoje
e daqui a pouco acaba

O ar ainda é de graça
que grande mentira
o progresso invade
o ar é desgraça

É assim mesmo,
querida
Você come feijão
e dá uma corrida

Carrega o medo no colo
Carrega o filho na bolsa
Carrega o peso-transporte
Carregam lágrima os olhos

Talvez o trigésimo poema

Sinceramente, não sei.
E fico aqui rasgando árvores.
Pior seria beber flores.

As minhas mãos, dentro do quarto,
merecem mais do que desânimo.
Servem meu rosto, minha cabeça,
enquanto peço, olhando o lá fora.

Alguns segundos depois, continuo.
Bocejo, cheiro, pondero
Lembro que o tempo é ditador:
É preciso amar o que se ama.

Dois quartetos e dois tercetos
Meia-dúvida de dúzias
Só para acabar, não sei

terça-feira, julho 05, 2005

Antes que eu esqueça (se já não esqueci)

Não é minha intenção ficar publicando poemas "improvisados". Mas, nestte momento, também já estou (Gustavo!) "fatigado" do que escrevi no último "post".

As idéias do mundo

Por trás de algo belo, a beleza
Da vida e da morte, a mudança
Da pedra esculpida, a arte
Da sorte e do azar, quem sabe?
E o novo por trás da criança

O ódio por trás da matança,
O medo subjaz
A soberba confiança

O céu, os sonhos, as cores,
os risos, as sombras
e mesmo as bombas,
todos os entes,
do que não conhecemos
vêm à frente

Por traz de uma lágrima,
dor ou prazer?
Subjaz o poema
a possibilidade de chegar
a dizer