terça-feira, julho 09, 2013

"Memórias...", capítulo 31

CAP. 31 - ACABA AQUI

Chega. Ainda que estas memórias tivessem um milhão de capítulos, seriam insuficientes - e ao mesmo tempo, já falei demais. Meu período naquele 'Reino' foi uma espécie de segunda socialização, de modo que imprimiu uma cicatriz que vai até o fim da minha vida; sei que parece muito dramático, mas na verdade é uma fatalidade banal.

A vida de minha mãe também acabou. Ela tinha razão quando dizia, à época de minha vida cristã, que eu havia me tornado fanático. Não sei se ela dizia só por preocupação ou também pelo hábito de criticar, mas era verdade. E eu, que naquele tempo orava para que ela abandonasse seus hábitos destrutivos e não fosse para o inferno, sei hoje que minhas orações foram absolutamente inúteis, como só podiam ser, no que tange aos tais hábitos. Mas resta o alívio de ter ótimas razões para não duvidar de que o inferno só pode existir aqui nesta vida.

Não há inferno, não há paraíso; só há memória, que representa ambos.

Foi útil, de todo modo, escrever o que foi escrito. Seguirei escrevendo, se for o caso, sobre memórias, infortúnios, impressões, desejos e tudo o mais que merece crédito e dúvida.

1 Comments:

Blogger Veríssimo de Melo said...

De certo modo toda produção é inútil, contudo, escrever é das coisas mais interessantes desta vida tão inútil...

6:51 PM  

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