Poesias de início de ano
Preciso escrever muito mais em prosa, mas... estava conversando ontem com um rapaz, estudante de Biologia, que vendia suas poesias na porta do Espaço Unibanco. Foi uma conversa muito agradável - e no fim, dei a ele um real pelo livretinho. Como não tenho vontade nem coragem de vender as minhas (será que alguém compraria?), minha saída é publicá-las no blog.
Postais
Índios perfilados: cultura brasileira
As nádegas, o Cristo
E tudo isto que é tudo isso
Padim Ciço, cataratas
As verdes matas (ó, imagem congelada!)
Céu arranhado, viço, mulatas, bandeira
E eu, um fantasma embasbacado
Orgulhoso, estou lá e não existo
Vejo a mim mesmo, como o prometido
Permaneço anônimo, sinônimo, lindo
Amo a cidade, desconheço os habitantes
Louvo a arte e ignoro o artista
Amo o mundo, não sei do que se trata
Porque tudo sou eu, criatura que registra,
Efêmera assembléia de sintagmas
Eu quero ouvir os anjos
Todos morrem jovens.
Mas há esperança, pois há morte após a vida!
Se for verdade que há verdade e mentira
Superaremos a poética mania
De separar Paixão e Fantasia,
A sede da água que sacia.
Silêncio anula silêncio,
Razão só pode ser irracional,
Homeopáticas verdades da vida.
E quem duvida, faz bem,
Confirma a certeza fugidia.
Os anjos disseram-me que não existem.
Agora durmo tranqüilo
Sem Lúcifer, Miguel, nem quem me guarde
(Ó Deus, fazei com que os homens te refaçam,
Fazei com que as estátuas ressuscitem!
Transformai as catedrais da minha infância...
Se não há seres angélicos que cantam,
Então, que gritem!).
Postais
Índios perfilados: cultura brasileira
As nádegas, o Cristo
E tudo isto que é tudo isso
Padim Ciço, cataratas
As verdes matas (ó, imagem congelada!)
Céu arranhado, viço, mulatas, bandeira
E eu, um fantasma embasbacado
Orgulhoso, estou lá e não existo
Vejo a mim mesmo, como o prometido
Permaneço anônimo, sinônimo, lindo
Amo a cidade, desconheço os habitantes
Louvo a arte e ignoro o artista
Amo o mundo, não sei do que se trata
Porque tudo sou eu, criatura que registra,
Efêmera assembléia de sintagmas
Eu quero ouvir os anjos
Todos morrem jovens.
Mas há esperança, pois há morte após a vida!
Se for verdade que há verdade e mentira
Superaremos a poética mania
De separar Paixão e Fantasia,
A sede da água que sacia.
Silêncio anula silêncio,
Razão só pode ser irracional,
Homeopáticas verdades da vida.
E quem duvida, faz bem,
Confirma a certeza fugidia.
Os anjos disseram-me que não existem.
Agora durmo tranqüilo
Sem Lúcifer, Miguel, nem quem me guarde
(Ó Deus, fazei com que os homens te refaçam,
Fazei com que as estátuas ressuscitem!
Transformai as catedrais da minha infância...
Se não há seres angélicos que cantam,
Então, que gritem!).