domingo, fevereiro 03, 2008

O enredo do meu carnaval: 'Meu amor judeu'

Este primeiro texto de 2008 é uma confissão: eu amo um homem judeu. Eu gosto de alguns outros homens judeus - eles têm algo... - mas realmente me apaixonei por um. E tem mais: gostaria de conhecer alguns outros, que sempre me pareceram interessantes, ou melhor, que são caras incríveis, belos, talentosos, e se eu me esforçar sei que rola, vai ser muito bom, com certeza.
O judeu que eu amo se chama Franz. Na verdade, ele não é bonito; o que me atraiu foi sua inteligência, sua capacidade de me explicar e de me confundir. Não sei bem a sua idade, porque ele já é imortal, creio. Todas as vezes que estivemos juntos foi muito, muito bom. Sinto que ele me compreende; acho que consigo compreendê-lo, também. É uma amizade bonita, é amor.
Estou confessando aqui, mas posso dizer em alto e bom som para quem quiser me perguntar se é mesmo verdade: amo Franz Kafka - sim, Kafka é seu sobrenome; um escritor genial, um pensador, um grande artista, tcheco e judeu. Como judeus são Sigmund Freud, Karl Marx, Woody Allen, Albert Einstein, alguns dos homens interessantíssimos sobre os quais me referia. E não são só homens judeus, há mulheres também, como Hannah Arendt.
Estou 'confessando' essas coisas, porque preciso confessar que sinto-me pisando em ovos ao pensar nos judeus. Esse povo me atrai e desperta admiração, mas também me causa raiva e antipatia noutros momentos, como na relação com os palestinos. Fiquei feliz em ler de um renomado professor judeu (da UFRJ, salvo engano) que proferir críticas a um determinado povo não necessariamente significa ser racista. Porque não me considero racista, rechaço isso, mas admito que tenho minhas críticas aos judeus - e não só a eles, como aos próprios árabes, chineses, etc. Mas por que digo isto? A propósito do episódio carnavalesco.
Ainda não sei o que pensar, se há alguém com razão, acerca do tal 'carro do Holocausto'. Denúncia ou banalização? Talvez seja seguro afirmar apenas que os judeus (e não só eles, mas principalmente eles) têm o direito de se sentir ofendidos; como é natural, também, que o carnavalesco se sinta tolhido em sua liberdade de expressão.
Para concluir: sou grato por ter tido a oportunidade de conhecer um campo de concentração nazista - Dachau, Alemanha, o primeiro da 'arquitetura de destruição' de Hitler. Porque tudo isso que nos faz gastar tanta saliva e achismos se transfigura em algo íntimo: a certeza de que o inferno já existiu na terra e é muito bom não ter estado lá. Não podemos nos esquecer da monstruosidade que o Holocausto representou - pelo menos não ainda, enquanto somos capazes tratarmos uns aos outros com tamanha crueldade.