Nostalgia
Sou uma criatura nostálgica. Por isso, sofro quando me vejo obrigado, como neste fim-de-semana, a jogar fora parte da minha vida registrada em papéis. Mas estou jogando, e pronto. Pronto nada. Reencontrei alguns poemas que havia escrito nesses últimos anos. Vou registrá-los aqui, agora. Azar o de vocês. E´, mas podia ser pior; selecionei somente os que, creio eu, desagradarão menos - fui obviamente Thiagocêntrico. Eis as pérolas:
Quase certeza de nada
Coma a vida, curta
precisamos prensar bem isso
E enquanto visto, nos ônibus,
pernas e braços pernas e braços
Qual o sentido da dívida,
Qual é o preço da dádiva
Diva Dividida Vaticínica
Nas obras sem arte (tá valendo!)
Encontrei na terceira prateleira
O sei lá do discurso aminoácido
E enquanto isso, nos postes,
a cara do bandido simulacro
Viva!
Se eu tiver um recheio blindado
ou comprar um receio empapado
Vou da Tailândia à Finlândia
do meu nariz à Groenlândia
Canso e logo insisto
Tenso qual um quisto
Um dos rancores (mass media)
Nunca gostei de heróis.
Nunca.
Seus momentos tautológicos
das digitais dos cérebros derivados
o produto do produto do produto do produto
carência furta-cor
Como só são mais e mais
virtuosas frases feitas
reciclagem muscular
perfeitos como um camelo virtualíssimo
Amor-corta-multimídia-tíbia
Como tais
como não são mais
Eu os quero doidos e mortos
Recado a um amigo
Estive relendo os reclames
Um dicionário inexplicável
E como foram em preto-e-branco
Agora ainda são dramáticos
Jungidas
Apáticas
Práticas
Mas não cândidas
Talvez não sejamos sequer ex-amigos,
Eu bocejo,
Mas se fomos ou não fomos,
Formos ou não formos,
Seremos relidos um dia,
E esquecidos
Rotina
Todo dia é dia de rotina
Preciso fazer a barba
Preciso mudar de vida
Preciso trocar de roupa
Preciso dobrar a esquina
Preciso esperar de novo
Preciso de novo ânimo
Preciso do que não quero
Não quero ser tão preciso
Preciso imitar alguém
Preciso inventar um jogo
Preciso escolher palavras
Preciso coçar a nuca
Preciso sofrer sozinho
Preciso vencer o medo
Preciso chegar em casa
Preciso escrever os sonhos
Preciso sonhar na lida
Rotina
Relatório
Um dia laico
como qualquer outro
um dia louco
cada vez mais, pouco
Mais um sonho rouco
dormindo na praça
virando pesadelo
resumo da desgraça
Quem passa observa
e julga depressa
pois hoje já é hoje
e daqui a pouco acaba
O ar ainda é de graça
que grande mentira
o progresso invade
o ar é desgraça
É assim mesmo,
querida
Você come feijão
e dá uma corrida
Carrega o medo no colo
Carrega o filho na bolsa
Carrega o peso-transporte
Carregam lágrima os olhos
Talvez o trigésimo poema
Sinceramente, não sei.
E fico aqui rasgando árvores.
Pior seria beber flores.
As minhas mãos, dentro do quarto,
merecem mais do que desânimo.
Servem meu rosto, minha cabeça,
enquanto peço, olhando o lá fora.
Alguns segundos depois, continuo.
Bocejo, cheiro, pondero
Lembro que o tempo é ditador:
É preciso amar o que se ama.
Dois quartetos e dois tercetos
Meia-dúvida de dúzias
Só para acabar, não sei
Quase certeza de nada
Coma a vida, curta
precisamos prensar bem isso
E enquanto visto, nos ônibus,
pernas e braços pernas e braços
Qual o sentido da dívida,
Qual é o preço da dádiva
Diva Dividida Vaticínica
Nas obras sem arte (tá valendo!)
Encontrei na terceira prateleira
O sei lá do discurso aminoácido
E enquanto isso, nos postes,
a cara do bandido simulacro
Viva!
Se eu tiver um recheio blindado
ou comprar um receio empapado
Vou da Tailândia à Finlândia
do meu nariz à Groenlândia
Canso e logo insisto
Tenso qual um quisto
Um dos rancores (mass media)
Nunca gostei de heróis.
Nunca.
Seus momentos tautológicos
das digitais dos cérebros derivados
o produto do produto do produto do produto
carência furta-cor
Como só são mais e mais
virtuosas frases feitas
reciclagem muscular
perfeitos como um camelo virtualíssimo
Amor-corta-multimídia-tíbia
Como tais
como não são mais
Eu os quero doidos e mortos
Recado a um amigo
Estive relendo os reclames
Um dicionário inexplicável
E como foram em preto-e-branco
Agora ainda são dramáticos
Jungidas
Apáticas
Práticas
Mas não cândidas
Talvez não sejamos sequer ex-amigos,
Eu bocejo,
Mas se fomos ou não fomos,
Formos ou não formos,
Seremos relidos um dia,
E esquecidos
Rotina
Todo dia é dia de rotina
Preciso fazer a barba
Preciso mudar de vida
Preciso trocar de roupa
Preciso dobrar a esquina
Preciso esperar de novo
Preciso de novo ânimo
Preciso do que não quero
Não quero ser tão preciso
Preciso imitar alguém
Preciso inventar um jogo
Preciso escolher palavras
Preciso coçar a nuca
Preciso sofrer sozinho
Preciso vencer o medo
Preciso chegar em casa
Preciso escrever os sonhos
Preciso sonhar na lida
Rotina
Relatório
Um dia laico
como qualquer outro
um dia louco
cada vez mais, pouco
Mais um sonho rouco
dormindo na praça
virando pesadelo
resumo da desgraça
Quem passa observa
e julga depressa
pois hoje já é hoje
e daqui a pouco acaba
O ar ainda é de graça
que grande mentira
o progresso invade
o ar é desgraça
É assim mesmo,
querida
Você come feijão
e dá uma corrida
Carrega o medo no colo
Carrega o filho na bolsa
Carrega o peso-transporte
Carregam lágrima os olhos
Talvez o trigésimo poema
Sinceramente, não sei.
E fico aqui rasgando árvores.
Pior seria beber flores.
As minhas mãos, dentro do quarto,
merecem mais do que desânimo.
Servem meu rosto, minha cabeça,
enquanto peço, olhando o lá fora.
Alguns segundos depois, continuo.
Bocejo, cheiro, pondero
Lembro que o tempo é ditador:
É preciso amar o que se ama.
Dois quartetos e dois tercetos
Meia-dúvida de dúzias
Só para acabar, não sei
1 Comments:
Ora, vemos que mesmo os tempos aparentemente inúteis produziram algo...
Coisas que ficaram guardadas em gavetas, mas que não foram apagadas pelo tempo,
coisas que puderam ser resgatadas, e publicadas, para deleite de terceiros.
"Nada é inútil", disse alguém, nada é inútil na dedicação da vida, nem mesmo na dedicação da vida...
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