Senhores do destino
Aproveitando o mote sentimental-ufanista da novela, digo: é por algumas e outras que não aprecio os telefolhetins, ainda que vez por outra perca tempo assistindo. Assistindo aos fins previsíveis, aos trilhões de casamentos e gravidezes (plural de gravidez?), ao maniqueísmo. As novelas reúnem material rico para uma teoria crítica revisada e ampliada de Walter Benjamin, se este ressuscitasse.
Admito logo minha especial antipatia por Aguinaldo Silva, autor de "Senhora do Destino". Admito também que assim sou diante de quase todos os autores - admiro levemente Manoel Carlos, Gilberto Braga e Benedito Ruy Barbosa. Excluindo a ótima Renata Sorrah e o competente José Wilker, tudo é só mais do mesmo. Nem o casal de lésbicas é novidade, embora a Globo tenha liberado selinhos entre as moçoilas apaixonadas.
Irritam-me o maniqueísmo, o nacionalismo (e regionalismo) barato e os "encaixes" - isto seria a ligação confortável entre todos os bonzinhos dentro do Reino do Bem, oh! O rei ou rainha protagonista, muitas vezes (caso de "Senhora...") vindo da pobreza e "vencendo na vida"; os princípes e princesas co-protagonistas vivendo um batido romance água-com-açúcar até chegar o dia da transição, quando serão os coroas sedutores - isto se não caírem no ostracismo; os coadjuvantes, amiguinhos sempre contentes em serem platéia da felicidade alheia - e , quem sabe, com simpático par também coadjuvante.
Não esqueci dos vilões. Maus, arrogantes, implacáveis, desonestos, "lascivos" (não "sensuais" como os bonzinhos), geralmente irrecuperáveis e sem nenhuma qualidade para contrabalancear.No máximo são grã-finos. As novelas não gostam do cinza; às vezes o insuam, mas correm para o branco-no-preto. Ou é bom ou não presta, o resto é complicado demais para o povo. Porque o povo quer ir à forra dos finais infelizes da sua vida. Quer comemorar aquele sucesso alheio tão familiar, de meses em meses. Eles desconhecem o fato de que podem, por si mesmos, escrever outras histórias. A TV oprime com muito carinho. Quem seria senhor do seu destino?
Admito logo minha especial antipatia por Aguinaldo Silva, autor de "Senhora do Destino". Admito também que assim sou diante de quase todos os autores - admiro levemente Manoel Carlos, Gilberto Braga e Benedito Ruy Barbosa. Excluindo a ótima Renata Sorrah e o competente José Wilker, tudo é só mais do mesmo. Nem o casal de lésbicas é novidade, embora a Globo tenha liberado selinhos entre as moçoilas apaixonadas.
Irritam-me o maniqueísmo, o nacionalismo (e regionalismo) barato e os "encaixes" - isto seria a ligação confortável entre todos os bonzinhos dentro do Reino do Bem, oh! O rei ou rainha protagonista, muitas vezes (caso de "Senhora...") vindo da pobreza e "vencendo na vida"; os princípes e princesas co-protagonistas vivendo um batido romance água-com-açúcar até chegar o dia da transição, quando serão os coroas sedutores - isto se não caírem no ostracismo; os coadjuvantes, amiguinhos sempre contentes em serem platéia da felicidade alheia - e , quem sabe, com simpático par também coadjuvante.
Não esqueci dos vilões. Maus, arrogantes, implacáveis, desonestos, "lascivos" (não "sensuais" como os bonzinhos), geralmente irrecuperáveis e sem nenhuma qualidade para contrabalancear.No máximo são grã-finos. As novelas não gostam do cinza; às vezes o insuam, mas correm para o branco-no-preto. Ou é bom ou não presta, o resto é complicado demais para o povo. Porque o povo quer ir à forra dos finais infelizes da sua vida. Quer comemorar aquele sucesso alheio tão familiar, de meses em meses. Eles desconhecem o fato de que podem, por si mesmos, escrever outras histórias. A TV oprime com muito carinho. Quem seria senhor do seu destino?
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