Pra não dizer que não falei de Sócrates
Dissera que este blog iria renascer. Não aconteceu. Mas, como ele também não morreu ainda, estando apenas em coma, minha promessa não se quebrou.
Gostaria de registrar agora minhas primeiras impressões sobre 'A República', obra de Platão lida pelo blogueiro nas últimas semanas. São mesmo impressões que, espero eu, serão melhor desenvolvidas com mais leitura, reflexão e diálogos.
Bem, um alerta importante a ser dado a quem não sabe é que Platão foi discípulo de Sócrates; este nada escreveu de próprio punho, mas teve suas idéias registradas pelo pupilo de ombros largos (daí 'Platão' - grandes omoplatas?). Outra ressalva fundamental: há controvérsias acerca de quanto da obra socrática conservada em escritos é mesmo de Sócrates - Platão teria desenvolvido muitas idéias próprias tendo como personagem seu mestre. 'A República', salvo engano, é um desses livros em que Sócrates apregoaria diversas idéias platônicas.
O 'mundo das idéias' de Platão teria como ponto de partida a idéia de 'conceito' socrática (tentem entender o que o blgoeuiro vos fala). Isto é, Sócrates teria asseverado que o mundo 'concreto' - o que é acessível aos sentidos humanos - é apenas cópia do mundo imaterial das idéias, sendo estas acessíveis apenas pela razão. Assim, posso por exemplo ver uma pessoa, mas a idéia (ou conceito) de ser humano, que diria respeito a todos e a nenhum específico, só posso alcançar através da minha capacidade racional. Outro exemplo: posso praticar uma ação justa, mas idéia de justiça, a justiça em si, só o pensamento pode apreender.
Mas o que gostaria de observar aqui são as propostas de Sócrates/Platão para a construção de um governo justo, pois algumas, não obstante meu anacronismo, surpeenderam-me pelo caráter autoritário e preconceituoso. Muito provavelmente, alguns dos grandes ditadores da história se inspiraram em certas colocações de 'A República': censura no campo cultural, eugenia, relações internacionais (ou entre cidades-estado), construção de mitos para controlar a massa...confesso que cheguei a ficar com raiva dos dois mestres atenienses.
No entanto, a obra é leitura deliciosa, com observações geniais sobre o comportamento humano e põe o dedo nas feridas da má governança. Podemos ver a ganância, a vaidade e a futilidade do poder mau exercido sendo agudamente analisada e criticada. Podemos ver também como o ser humano é capaz de sonhar, pois a república socrática/platônica é assumidamente utópica, sendo sua perfeita realização praticamente impossível - principalmente (e infelizmente) no que tem de belo: valorização do saber e do caráter acima do dinheiro e do calculismo ávido; desprezo ao 'berço de ouro', em favor da capacidade do indivíduo; a política como instrumento de felicidade, de realização humana em detrimento de clubinhos e conchavos. Não precisamos dos defeitos dessa obra, mas suas qualidades são atemporais e seguirão perdurando na viagem humana.
Gostaria de registrar agora minhas primeiras impressões sobre 'A República', obra de Platão lida pelo blogueiro nas últimas semanas. São mesmo impressões que, espero eu, serão melhor desenvolvidas com mais leitura, reflexão e diálogos.
Bem, um alerta importante a ser dado a quem não sabe é que Platão foi discípulo de Sócrates; este nada escreveu de próprio punho, mas teve suas idéias registradas pelo pupilo de ombros largos (daí 'Platão' - grandes omoplatas?). Outra ressalva fundamental: há controvérsias acerca de quanto da obra socrática conservada em escritos é mesmo de Sócrates - Platão teria desenvolvido muitas idéias próprias tendo como personagem seu mestre. 'A República', salvo engano, é um desses livros em que Sócrates apregoaria diversas idéias platônicas.
O 'mundo das idéias' de Platão teria como ponto de partida a idéia de 'conceito' socrática (tentem entender o que o blgoeuiro vos fala). Isto é, Sócrates teria asseverado que o mundo 'concreto' - o que é acessível aos sentidos humanos - é apenas cópia do mundo imaterial das idéias, sendo estas acessíveis apenas pela razão. Assim, posso por exemplo ver uma pessoa, mas a idéia (ou conceito) de ser humano, que diria respeito a todos e a nenhum específico, só posso alcançar através da minha capacidade racional. Outro exemplo: posso praticar uma ação justa, mas idéia de justiça, a justiça em si, só o pensamento pode apreender.
Mas o que gostaria de observar aqui são as propostas de Sócrates/Platão para a construção de um governo justo, pois algumas, não obstante meu anacronismo, surpeenderam-me pelo caráter autoritário e preconceituoso. Muito provavelmente, alguns dos grandes ditadores da história se inspiraram em certas colocações de 'A República': censura no campo cultural, eugenia, relações internacionais (ou entre cidades-estado), construção de mitos para controlar a massa...confesso que cheguei a ficar com raiva dos dois mestres atenienses.
No entanto, a obra é leitura deliciosa, com observações geniais sobre o comportamento humano e põe o dedo nas feridas da má governança. Podemos ver a ganância, a vaidade e a futilidade do poder mau exercido sendo agudamente analisada e criticada. Podemos ver também como o ser humano é capaz de sonhar, pois a república socrática/platônica é assumidamente utópica, sendo sua perfeita realização praticamente impossível - principalmente (e infelizmente) no que tem de belo: valorização do saber e do caráter acima do dinheiro e do calculismo ávido; desprezo ao 'berço de ouro', em favor da capacidade do indivíduo; a política como instrumento de felicidade, de realização humana em detrimento de clubinhos e conchavos. Não precisamos dos defeitos dessa obra, mas suas qualidades são atemporais e seguirão perdurando na viagem humana.
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